O Livretu é um...

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Porto Alegre, RS, Brazil
Blog dedicado à livre literatura. Poemas, contos, crônicas, músicas, palavras ao vento... e o que te fizeres viajar pela imaginação. O LIVRETU é livre, e surgiu da idéia de alguns amigos dividirem suas produções, delírios, sonhos, alegrias e letras. Envia tuas composições também! Faça parte dessa grande esfera literária. É livre. E como fala nosso grande Drummond: Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, Mas a poesia (inexplicável) da vida. Envia para livre_tu@hotmail.com tuas idéias. O blog já fez 2 anos e comemora com uma mini-edição impressa e uma confraternização de artes, o ORGIARTE, ambos indo para a sétima edição.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Dança comigo!


Hoje eu acordei

com o sabor da manhã

Senti vontade de emanar

a luz que tem me habitado...

Desde que te vi

(e eu te vejo)

Os dias têm sido vivos, frescos

As noites, claras e profundas


Hoje acordei embriagado de luz

pois ali tu estavas

habitando meu espaço.


Meus ouvidos andam atentos

a todos os segredos

inclusive os das estrelas

aos cochichos das crianças

me ditando versos de amor.

Os versos mais simples

Os que rimam com o estado da minha alma...


...e minh’alma dança

Ao som dos versos das crianças

ritmados na balada do meu peito


E hoje precisei te escrever

qualquer verso que rimasse

teu amor com minha luz

mas descobri que eles são

uma coisa só...

compuseram uma canção


E só peço que estes versos

pousem em teus ouvidos

ao som dessa canção cheia de vida

e façam uma graça pra minha alma

que pra dançar te convida

na a música que me habita.



Ludmila Flores

domingo, 21 de março de 2010

Vontade

Folha de papel

hoje vi uma flor caindo
foi bonita,
ela se ela
ela desprendeu ela
da arvore ela
foi ao chão.

com um movimento soprado da brisa, com um vento que bateu.

simples agradou a encantadora
foi ao chão, encantadora
depois ela...

Isso sim é uma típica outonal típica tão típica
típica, tipíca até ser
IMAGEM OUTONAL TÍPICA

Tipicamente
Tipi assim o diálogo do silêncio
Que chega, tipi só ficam os olhos
As mãos e os pés típicos aquecer



Paola Mallmann

sexta-feira, 19 de março de 2010

dito popular




"Cachorro picado por cobra
tem medo até de linguiça".






quinta-feira, 18 de março de 2010

GILDA


Não ponha o nome de Gilda
na sua filha, coitada,
Se tem filha pra nascer
Ou filha pra batisar.
Minha mãe se chama Gilda,
Não se casou com meu pai.
Sempre lhe sobra desgraça,
Não tem tempo de escolher.
Também eu me chamo Gilda,
E, pra dizer a verdade
Sou pouco mais infeliz.
Sou menos do que mulher,
Sou uma mulher qualquer.
Ando à-toa pelo mundo.
Sem força pra me matar.
Minha filha é também Gilda,
Pro costume não perder
É casada com o espelho
E amigada com o José.
Qualquer dia Gilda foge
Ou se mata em Paquetá
Com José ou sem José.
Já comprei lenço de renda
Pra chorar com mais apuro
E aos jornais telefonei.
Se Gilda enfim não morrer,
Se Gilda tiver uma filha
Não põe o nome de Gilda,
Na menina, que não deixo.
Quem ganha o nome de Gilda
Vira Gilda sem querer.
Não ponha o nome de Gilda
No corpo de uma mulher.

Murilo Mendes

quinta-feira, 11 de março de 2010

Depois que vens
te soltas o ódio
o rancor que te carrega
não te diz mais o que deves?

Deveria eu dar vida aos teus sonhos
mas como viver subjugada ao sentimento?
Aqui serviremos banquetes apenas aos pensadores
És tu que me pões ao vento
Te devolvo à Terra e finjo tuas dores

Levarei teu amor comigo
o meu? Nunca encontrei...
Machucam teus olhos, a rosa
o sangue
misturados caídos

Perguntas o que é o vazio?
Teus olhos me vêem
os meus
só enxergam as portas.
Taíse Mallet Otero

quarta-feira, 10 de março de 2010

A Essência das Flores, do Sol e dos Animais

Haverá um silêncio em sala de aula?
Haverá silêncio em sala de aula?
Haverá um silêncio?
Um silêncio em sala de aula?

Haverá silêncio em sala de aula?
Haverá?... Haverá?
Haverá silêncio?
Silêncio em sala de aula?

Um silêncio?
Um silêncio em sala de aula?
Silêncio! Silêncio!
Silêncio em sala de aula!

Haverá?
Haverá um silêncio?
Um silêncio em sala de aula?

Se houver...
Será a morte de todas as almas,
O fim da Essência das Flores,
do Sol e dos Animais.


Cena dig-dig

segunda-feira, 8 de março de 2010

mensagem de texto para amigos - ampliada

Chê, estávamos indo para Torres sábado à noite assistir o show do Paralamas na beira da praia. Saímos de Capão Novo às oito em ponto, com esperança de chegar no início da apresentação. Pegamos uma avenida, ainda em Capão Novo, que levaria até a estrada do mar. Estávamos recordando os grandes sucessos da banda como "Alagados" e "Lanterna dos Afogados", na maoir alegria. De repente, um carro que vem no sentido contrário, demonstra querer dobrar cortando nossa preferencial - e com toda aparênca de quem não tinha visto nossos faróis no meio daquela escuridão. E realmente não tinha, pois o cara estava duro de bêbado (no mínimo) e se atravessou na avenida. Nosso motorista tentou freiar, mas quando não havia mais como, tentou tirar para direita para não dar no meio do imprudente. O choque não foi possível evitar mas a batida foi fraca, de modo que conseguimos bater nossa frente esquerda com a frente direita dele e logo após seguimos lado a lado com mais uma batidinha que nos jogou num valão com o carro de lado. Em seguida, o valão foi nos sugando pra dentro e acabou deixando-nos de cabeça pra baixo. Estávamos de ponta cabeça, no escuro e com água entrando por duas janelas que estavam semi-abertas. As portas não abriam , o motorista estava trancado pelo cinto de segurança e com a cabeça dentro d'água, de modo que já não se escutava mais sua voz, apenas uns burburios de quem está se afogando. O que parecia ser apenas uma batidinha com poucos danos materiais, virou em um filme de terror, e sem dúvida um dos piores. A água já chegava ao peito e nós que estávamos no banco de trás e sem cinto, conseguimos ficar respirando e tentando abrir as portas traseiras, mas sem sorte. Inacreditável, em poucos segundos estávamos "Alagados" no escuro e sem a porra da "Lanterna dos Afogados". O pânico tomou conta geral, pois sem esperança de forças exteriores e já com um gostinho de água de valo na boca, passou pela cabeça de todos no carro que realmente estávamos com o pé na cova. Que morte ridícula, sem graça, como nunca tinha imaginado, morrer num valo em Capão Novo após uma batidinha lenta em um borracho FDP. Mas isso passa rápido demais pela cabeça. Estávamos os quatro vivos ainda, e queríamos seguir vivos. Mais umas mexidinhas na porta e surge o anjo que consegue abri-la por fora. E tudo se resolveu bem. Nascemos de novo e eis as dez lições que tiro.

Primeiro: Cinto de segurança salva e mata;
Segundo: A morte está sempre ao seu lado;
Terceiro: Cuidado ao veranear em Capão Novo;
Quarto: Existem anjos e - demônios;
Quinto: Carro não é barco;
Sexto: Eu ainda não estou acreditando nesta história;
Sétimo: Aproveite antes que seja tarde demais;
Oitavo: "Cada passo do relógio nos fere, o útimo nos mata";
Nono: Será que eu estou vivo ou sou apenas um espírito cutucando terrestres?
Décimo: Só Deus sabe.

Fantasma de Canterville

domingo, 7 de março de 2010

Vivo como se andasse
me afogando,
e onde estiver, aí,
será mar alto,
e eu sempre mais só, desesperado,
a buscar entre ondas,
uma de apego,
exílio e salvamento:
durante os dias, espero as noites,
a fumaça de barcos, um sinal.
Mas há as noites — oh horror
das noites —
intermináveis no ar sem sono,
onde um farol,
(uma estrela houvesse)
apenas iluminariam
o medo de me perder
por me salvar:
como esperar um braço
quando o mar é grama
para o vento,
ou eco dos ecos?
Mesmo que um braço me fosse estendido
já não haveria
porto...


Paschoal Carlos Magno (Rio de Janeiro RJ 1906 - idem 1980). Animador, produtor, crítico, autor e diretor. Personalidade fundamental na dinamização e renovação da cena brasileira, Paschoal Carlos Magno funda o Teatro do Estudante do Brasil e o Teatro Duse.
O crítico Yan Michalski avalia sua contribuição ao teatro brasileiro: "Paschoal Carlos Magno, pessoa física, foi na verdade uma instituição: sozinho, embora sempre ajudado por legiões de jovens que ele sabia contagiar com a mística das suas utopias, ele quase chegou a exercer, às vezes, funções que caberiam a um informal Ministério da Cultura. Personalidade polêmica, era muito questionado por repetir infinitamente um ritual que consistia em inventar e lançar um projeto de sonho aparentemente utópico, e, a seguir, mover céus e terra para cobrar dos poderes públicos os recursos necessários para a sua concretização.."

sábado, 6 de março de 2010

Aforismos de um bipolar (aposentado pela previdência)

i) "Engordo... Envelheço... e os ponteiros do relógio estão parados como dois mordomos ingleses."

ii) "A vida foi a professora mais severa que eu conheci."


iii) "Esses motoristas de taxi são todos personagens
de uma imensa novela policial: sem fim."

iv) "Geralmente somos incendiários aos treze anos de idade
e bombeiros aos quarenta."

v) "A solidão é uma música sempre repetida."

vi) "Em New York os vizinhos são todos japoneses."

vii) "Observação poética: a brisa tem sempre quinze anos."


viii) "Geralmente o interior dos adolescentes é denso como um romance Russo."



E. C. S. , 58 anos

sexta-feira, 5 de março de 2010

haikai

denunciei por maus tratos
o saldo
dos meus extratos

Rafael Vecchio

(tomando a liberdade de reproduzir o melhor dos poemas do ônibus 2009(pra mim))