O Livretu é um...

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Porto Alegre, RS, Brazil
Blog dedicado à livre literatura. Poemas, contos, crônicas, músicas, palavras ao vento... e o que te fizeres viajar pela imaginação. O LIVRETU é livre, e surgiu da idéia de alguns amigos dividirem suas produções, delírios, sonhos, alegrias e letras. Envia tuas composições também! Faça parte dessa grande esfera literária. É livre. E como fala nosso grande Drummond: Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, Mas a poesia (inexplicável) da vida. Envia para livre_tu@hotmail.com tuas idéias. O blog já fez 2 anos e comemora com uma mini-edição impressa e uma confraternização de artes, o ORGIARTE, ambos indo para a sétima edição.

domingo, 30 de agosto de 2009

what do you do for money, honey?


Dinheiro na mão é vendaval?
Dinheiro na mão?
Dinh?
?
O Dinheiro é a escória dos papéis.
Mariana Somariva

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Homenagem à Paulinho



Se o choro é um prisma luminoso

O que seria a dor para Paulinho da Viola?

Um jardim com espinhos?

Um amor desvivido,

vivido sozinho?

Um coração ferido com a maior bitola da dor?

Ou apenas um samba bamba?

Um lamento?

Seria algo sem argumento?

Não sei...

Só sei que meu mundo é hoje,

a dor se foi,

como um rio que passou em minha vida.

Tenho apenas bons sentimentos

Nervos de aço,

e nenhum arrependimento.

A dor do sinal fechado

foi identificada e

já curei meu coração imprudente.

Só tenho uma cisma:

que o teu brilho encontre o meu sorriso sempre.

Afinal amor é assim:

faz tudo mudar

É só alegria, tristeza não tem lugar.


K.L.M.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Um fino para (des)afogar

Essa dúvida que assola

Mas que some logo com o copo

…que me… consola

Esse desapego que me enfurece

…e já pouco entristece


Chamas a atenção…

Olho

Talvez, espanto…

Acostumo… sabes?


Oxalá fosse diferente, oh pá!

Quanta apatia há de nos afogar!?

Vivêssemos um dia sem uma questão qualquer a resolver!

Deixe cá as quaisquer…

Traga-me logo este imperial,

melhor, um fino…

Antes que daqui eu finja… e sigo…


Queres casar comigo?

Quando acordar, é que verei…


…Ah! Deus!

…A noite de copos em que me afoguei…


Aline Pauli Mallmann

sábado, 22 de agosto de 2009

Crack nem pensar?

Então tá,
não vamos pensar no crack então!

assim como não pensamos em nossos
filhos, nossos espíritos e nossos santos!

Nem pensar é fácil, é barato e ambíguo.
é bem como gosta os chefes da telinha,
os manda-chuvas da lama podre!

Nem pensar, para abafar!
esse é o nosso lema,
a nossa bandeira - como sempre foi...

Revolução cubana, francesa, farroupilha?
estamos longe disso, não conseguimos nem
reclamar pelo troco na sorveteria.

Crack nem pensar então?
te manca mano...

o crack está batendo a tua porta,
o crack é o napoleão Bonaparte
que se atira à morte

contra o inverno Russo.
Mas nada mais Russo
que um Brasil devastado por esse artilheiro!

Então tá, não falamos sobre ele então?
Que tal usarmos um apelido?
Tipo gripe P....de pedra dura.
Pedra dura de roer...

Nem pensar então???
e quem já está???

O que faz???
fica fora como os maníacos???
como os malucos do São Pedro???
como os mendigos que te pedem esmolas???

É fácil deixar a margem quem não consegue nadar.

E eu???


Bom eu vou pegar meu carro,
meu whisky...

e curtir o que Deus me deu de melhor...


bruno

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Quase uma Ode

“Mas há a crítica!”

Andam hoje comigo

Junto à banalidade das bocas

(E é como uma espécie de mito)

Danças de García Lorca


E dançam comigo também

Todas essas imagens

Encontro de Admiráveis Mundos Novos,

Encontros de uma poesia selvagem,

Encontros.


E gritam ainda nos meus ouvidos

Protestos de homens perdidos


Náuseas , Tabacarias

Guardadores de um Rebanho em verso.

As vozes que esquentam a cama

Documentos, entrevistas

Eu ouço a voz de todos os artistas

Eu ouço a lama.


Muros, Zaratrustras

Memórias desassossegadas

De um Subsolo.


Inexistentes

Em todas as paredes

Que me envolvem.


Incoerentes

Com as palavras latentes

Na boca de todos.


Donzelas, neuroses,

Ditaduras muito bem representadas

Há história na grande boca da piada.


E há Vinícius em tudo o que vejo

Há amor, há amor

E um bocejo.


Morgana Rech

sábado, 15 de agosto de 2009

o nosso céu é mais bonito

Godard foi namorar em alphaville
- Presta atenção no filme!
- Ah, lá vem ela.
- Vou pegar meus rabiscos(?)!
- Manda brasa.

Matar un hombre para defender una idea,
no es defender una idea,
es matar un hombre!

- Que achastes dos filmes?
- O segundo me parece bom, mas o primeiro
é uma tragédia!
- Pois é, o diretor não se prestou nem para ler o livro
e quer fazer adaptação. Coitado do Dostoiévsky,
deve estar se debatendo no caixão.
- Que tal escrever "pagou os pecados"ao invés de
"estar se debatendo no..."?
- Mas essa fala é minha, a tua é a próxima!
- Ah, tá!

"Em que você acredita?
Eu acredito nos reflexos imediatos da conciência."

- Essa é boa hein!
- Aham, lembra do nome do personagem?
- Não.
- E daquela outra:

"Tu não acredtas em Deus?
Eu acreditei em Deus por 3 minutos!"

- Sim, acho que é a única coisa
que presta naquela película!
- Vamos dar uma cestiadinha lá em cima?
- Tá e a frase aquela?!
- Qual?
- "je vous ame".
- De verdade ou só em francês?
- É verdade!
- Ai, ai...começou a me atochar!
- Ai neguinho, é sério!
-Tá bom, eu acredito... mas só por 3 minutos!
- Bom de 3 em 3 te enrolo até...
- A bom se é assim, sim!

Romô e Brunieta

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Viagem de Descoberta


Na chuva

Só espero a tua companhia,

Para meu corpo se aninhar no teu.

Minha pele estar com a tua.


Serei leal...

Quero teu beijo,

Quero teu queixo,

Quero te descobrir,

Viajar pelo teu cosmo

E não encontrar nenhuma pedra no caminho,

Quero teu lirismo,

teu ritmo,

tua música.

Quero roubar tua cena.


Que seja na chuva, na praia,

Na noite, na cama, na lama.

Não ter sono,

Só aquela preguiça nossa.

Nada de fossa.

Que venha apenas a bossa.

E o que tiver que vir.


Sejamos atletas

De nosso desejo.

Que a paixão nos tempere,

Que o amor nos complete,

Que a música nos embale,
E que a estranheza esteja presente

Para nos surpreender,

Assim como o mistério,

Para desvendar trilhas pelos nossos corpos.

E a dor...que venha, só se for de fadiga.

Enquanto a garoa persistir.

K.L.M.

domingo, 9 de agosto de 2009

O CANTO
É O
EXPECTORANTE
DA
ALMA!
DISCRIMINAÇÃO RESIDUAL

A Lei Áurea, que acabou com a escravidão no Brasil, completa 120 anos hoje. Alguns dados atuais sobre os brasileiros: 49,5% são não-brancos, 2% deles estudam em universidades, 3,5% desses ocupam cargos de chefia em empresas (negras chefes são 0,5%).

Tudo isso por não sermos racistas. Como se caracteriza então a discriminação racial no Brasil? A resposta exige uma situação concreta. Em função das cotas, muita gente passou a defender a melhoria do ensino público básico.

É justo. Excluídas as cotas, não se retomará a justificava da falta de recursos para que tudo continue como está? Afinal, tem-se um álibi perfeito para justificar o modelo excludente: os melhores entram. E isso não gera racismo.

A criatividade brasileira produziu a mestiçagem, evitando o apartheid de outros países. Fomos mais longe: misturamos, mas mantivemos a separação. Juntos, mas separados. Eis a nossa fórmula.

Estão certos aqueles que dizem não haver discriminação racial no Brasil no que se refere à aceitação de um não-branco na universidade? Até certo ponto, sim. Há quem seja racista. Mas não é por racismo explícito que se dá a exclusão de que tanto falamos.

Não há rejeição ao negro no sentido primário do racismo de outros tempos ou lugares. Nenhum estudante, salvo exceção por mim desconhecida, deixará de sentar-se ao lado de um não-branco. Nenhum estudante se recusará a fazer um trabalho com um mestiço. A nossa discriminação é residual ou inercial.

Esse resíduo, porém, atinge metade da população. Esse resíduo tem conseqüências paradoxais. Os não-brancos tornaram-se, por razões bem conhecidas, os mais pobres. Sendo mais pobres, têm menos condições de preparação. O círculo vicioso não pára de viciar.

A discriminação racial explícita existe em inúmeras instâncias da nossa sociedade. A inclusão dos não-brancos na educação não tem sido suficiente para ajudar a romper essa cadeia ardilosa.

Enquanto o Brasil não admitir que há discriminação residual ou explícita, racial ou de aparência, jogará para baixo do tapete uma questão grave. Até quando?

Por enquanto, há um jogo perverso de empurra-empurra: os não-brancos não avançam por serem pobres (ou, segundo certos pontos de vista 'universalistas', por não se esforçarem o suficiente), cabe alocar mais recursos à educação de maneira que eles não precisem auferir de 'privilégios', mas, infelizmente, os recursos são escassos e só lhes resta um pouco mais de esforço pessoal...

Alguns acreditam que a política de cotas vai criar racismo no Brasil. Outros alegam que a nossa Constituição proíbe a discriminação racial. Só quem não recusa nem proíbe a discriminação racial é a nossa realidade. Por que não se cumpre a Constituição?

Há quem veja politicagem no apoio às cotas. Não seria sacanagem, em vez de politicagem, se recursos de fato existem, faltando apenas vontade política para destiná-los à educação? Não há politicagem também na falta histórica de projetos para superar a exclusão dos não-brancos do ensino superior?

Um leitor, com um cinismo salutar ou uma ironia fabulosa, explicou-me o óbvio: os não-brancos não entram na universidade porque nem terminam o ensino médio.

Bem entendido, quando passam do ensino fundamental. Não fosse essa indigesta discussão sobre cotas, fabricando racismo numa democracia racial, o 13 de Maio seria apenas um gesto magnânimo do passado. Em 120 anos, não dá para fazer muito. Talvez em 1.200.

Juremir Machado

sábado, 8 de agosto de 2009

vaca profana

Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Inscrevo, assim, minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Ê
Dona das divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas
Segue a "movida Madrileña"
Também te mata Barcelona
Napoli, Pino, Pi, Paus, Punks
Picassos movem-se por Londres
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte
Ê
Vaca de divinas tetas
La leche buena toda en mi garganta
La mala leche para los "puretas"
Quero que pinte um amor Bethânia
Stevie Wonder, andaluz
Como o que tive em Tel Aviv
Perto do mar, longe da cruz
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s blues
Ê
Vaca das divinas tetas
Teu bom só para o oco, minha falta
E o resto inunde as almas dos caretas
Sou tímido e espalhafatoso
Torre traçada por Gaudi
São Paulo é como o mundo todo
No mundo, um grande amor perdi
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas, estamos aí
Ê
Dona das divinas tetas
Quero teu leite todo em minha cara
Nada de leite para os caretas
Mas eu também sei ser careta
De perto, ninguém é normal
Às vezes, segue em linha reta
A vida, que é "meu bem, meu mal"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us plau"
Ê
Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite bom na minha cara
Chuva do mesmo bom sobre os caretas.

Caetano Veloso |

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O Balão

Ele viajou em um balão

Para o lugar que sempre sonhou

Conheceu coisas que sempre imaginou

Sonhou em ser ator

Palhaço de circo.

Presenciou uma revolução de amor

Revolucionou seus sentidos

Teve tudo que sempre pediu

Viajando em seu balão.

Viu guerras e destruição

Fome e desunião

Viu a Dona Morte

Olhou em seus olhos

Até que o amor o salvou

E continuou viajando em seu balão.

Foi a uma terra encantada

Nada confuso

Flores e sois... Animais

Tudo tão bom e puro

Até que o amor acabou

Seu sonho morreu

Pereceu desolado

Encontrou a dor e findou

Simplesmente morreu.

Morreu de amor

E não por que o balão furou.


Ana Beise

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Una Idea

Posso dormir?

Posso?

Não!

Receio despertar assustada

Com mais uma alvorada

Alvorada desesperada

Não suporta a minha sombra

Fugiu-me um verso...

Vá, voe daqui verso inútil!

Eu quero dormir!

Mas hoje não dá!

É a sombra da idéia

a me torturar

Deixa eu vomitar-te

parir-te

expelir-te

tornar-te manifesta

Saia de mim

e faça a tua festa!

Estás a afetar meu estômago

Em minhas veias passeiam

litros de angústia

HERPS, brotoejos, fungos

na cútis!

Que baita idéia

(idéia inútil)

Por onde sais?

Paralisou somatizada?

E pra onde vais?

Não irás pelas palavras...

Elas foram assassinadas

Tratei, eu mesma, de matá-las

Todas...

Engasgadas!

Restam-me agora

Um quarto de hora e

de papel, três polegadas

para eu cometer mais um crime

E por onde sais

por onde sais?

Idéia sublime!

Ludmila Flores