O Livretu é um...

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Porto Alegre, RS, Brazil
Blog dedicado à livre literatura. Poemas, contos, crônicas, músicas, palavras ao vento... e o que te fizeres viajar pela imaginação. O LIVRETU é livre, e surgiu da idéia de alguns amigos dividirem suas produções, delírios, sonhos, alegrias e letras. Envia tuas composições também! Faça parte dessa grande esfera literária. É livre. E como fala nosso grande Drummond: Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, Mas a poesia (inexplicável) da vida. Envia para livre_tu@hotmail.com tuas idéias. O blog já fez 2 anos e comemora com uma mini-edição impressa e uma confraternização de artes, o ORGIARTE, ambos indo para a sétima edição.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Em breve nos Cinemas (coming soon)

Filme - O homem invisível
Elenco
- Karen G., Pepe Nunes, Fernando Simon, Bruno Garfunkel e Maria Gabriela.
Estrelando ovos -
Woody allen e Marlon Brando.
Sinopse
- Homem com problemas de ereção sofre mutação genética, desaparece e é dado como morto. Estranhamente cheques com seu nome começam a circular na praça e ele é suspeito de um assassinato do picolezeiro José Veredas.
Excluído do mundo, se revolta contra o sistema e se transforma em um perigoso e subversivo anarko-sindicalista. Moradores do Beco do Papel Higiênico e a doméstica Maria Flor dizem terem visto o homem invisível andando com uma camiseta do Bakunin pelos arredores do bairro, porém o procurador não acredita nos argumentos alegando contradição dos fatos, "se ele é invisível, como é que vocês enxergaram?", dizia o procurador Armando Barraco, ao ignorar o caso. Tempos depois, ele volta para ficar marcado como o terror das empregadas.
Suspense de primeira escalão que envolve o espectador do início ao fim.



Trilha sonora - Mudinho Silva e Badico
Contra-regra -
Nietzsche e Arnaldo César Pentelho
Eletricista - Bordin
Motorista - Coalhada
Cozinha - Marcinha e Bigodinho
Iluminação - Sol
Equipe de filmagem - Dengoso, Feliz, Dunga, Soneca, Atim, Mestre e Zangado

Sete de filmagem
- Árvore dos enforcados, Uruguaiana
Diretor - Carlinhos Menosdroga
Ano
- 2143

Críticas:
''Wonderfull, the best ever...'' (New York times)

''dimais'' (Folha de São Paulo)
''Invisível, macanudo, guasca véia'' (
Semanal alegretense)
''uma bosta, um sorete mole'' (José Wilker)

bruno, daniel, murilo

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Uma simples farra

Que noite mais pura
Fardada por aquela simples farra
Onde tudo é imprevisto

Daí se encontra a magia da boemia,
Tão significativa;
Tão romântica;
Tão perversa;
Mas ao mesmo tempo tão simples

Simples por não pensar, deixar acontecer
O mundo simplesmente, ao meu bel poder
Acontece e resplandece em conjunto de meus parceiros
O copo, cigarro e o isqueiro...

Parceiros também, livres de pudor;
Sedados pelo álcool e pela beleza
Assim concluindo, discutindo, debatendo...
Com o disfarce da madrugada, tudo é mais verdadeiro!

E quando acaba,
Some o poder, a magia!
Transformando-se em agonia
Uma noite mal dormida

Eduardo Silva, o Coalhada

segunda-feira, 22 de junho de 2009

SAUDADES CAETANEADAS

Sou um tal que leva flores de papel
desenhos e riscos tortos coloridos
abro a boca de manha com olhos caídos
e venho sendo chamado de bacharel

Eu tomo cama, durmo em uma xícara de café
Saio debaixo da saia e não tenho fé
Eu tomo água em garrafa de vinho
Ando em qualquer lugar, eu caminho

Acho que nunca terei paz no coração
uso óculos escuros pra não olhar pro chão
eu sou um vampiro, não creio e rezo sozinho
eu quero um pouco de mim só,
eu imploro carinho

Por tudo isso é que eu não ando sóbrio, nem altivo
Tento não saber que saudade eu cultivo
eu ((só)bre)vivo

Rafael Lopo

sábado, 20 de junho de 2009

TRILOGIA POÉTICA

1. Solito no más

acordei hoy...

e eis que a primeira frase que vem em minha cabeça

- depois daquelas de sempre sobre as cagadas que fiz um dia antes

e aquelas outras sobre bien or notambien - foi a seguinte:

só só é um apenas sozinho!!!

e eu achei isso brilhante.

é claro que talvez não seja brilhante para todo mundo

mas para mim foi...

pensei em ligar para todos meus conhecidos,

para minhas ex-namoradas -que não são muitas-

ou abrir a janela do quarto e simplesmente dizer:

só só é um apenas sozinho!!!

cheguei até em sonhar em ir para uma ilha

com aqueles coqueiros, e aqueles peixes que existem nas ilhas

e caminhar na areia...só só, apenas sozinho!!!

e não é que possou por minha cabeça

todas aquelas verdades universais inalcansáveis,

aquelas conspirações sobre metafísica transcendental,

e todas aquelas receitas sem graça e sem gosto de sushi,

e não é que apenas me interessava que

só só é um apenas sozinho!!!

agora já é noite e eu já estou indo durmir

poucas coisas veêm em minha cabeça neste momento

parece que todas as palavras desapareceram de minha mente

a ponto de olhar para dentro e ver apenas as últimas palavras

que me restam para acabar este texto

pois tudo em mim desapareceu!!!

tudo em mim ficou só só, apenas sozinho!!!

e neste exato segundo aconteceu o crime...

não tenho mais palavras...

e aquilo que pareceu ser o grande sentido de minha vida não existe mais

eu não sou nem capaz de lembrar aquela velha frase

que me acompanhou todo dia

só só é...uma ilusão??? só só é...um sonho???

acho que não era bem isso!

bom, me voy...

boa noite, quem sabe te encontro em meus sonhos.

"só só é um apenas..."

II. Resposta

GOSTARIA DE RESPONDER COM UMA POESIA

OU AO MENOS ALGO QUE EU VENHA A PENSAR

QUE É UMA POESIA.

ESTOU BUROCRÁTICO! NÃO CONSIGO ESCREVER.

QUANDO OLHO PARA O TECLADO,

VEJO UM ALFABETO RUSSO.

LEMBRO, PELA MECÂNICA DOS MOVIMENTOS,

O LUGAR DE CADA LETRA DO NOSSO ALFABETO

MAS MESMO ASSIM... PERCEBO QUE

NÃO É O TECLADO NEM O ALFABETO RUSSO

SINTO QUE É O TEMPO, O VENTO

E ESSA TEMPERATURA.

INVENTO DESCULPAS,

SOU ASIMM, SOU ASIIM, SOU AASIM.

III. 3

ESTA É A TERCEIRA

FEITICEIRA

TERCEIRA

MACANUDA

3333333333

TRI TRI

CURTINHA

TERCEIRINHA

VEM NENÊM

SEM GRACINHA

SEM VERGONHA

TERCEIRINHA

CURTINHA

RAPIDINHA???

bRUNO

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O Cubo

Me disseram que o mundo é redondo.
Que diferença faz?
Vivemos em cubos.
Cubos de tempo.
Cubos de espaço.
Andamos em silêncio.
Nos colocam em cima de algum traço.
PALHAÇO!!!
O mundo é um palhaço.
Brincado de girar em volta de si mesmo.
Não nos dá espaço.
Devolve tudo que não é nosso.
E segue girando.
O que faço?
Giro com ele.
Finjo ser livre
Preso em cubos de aço.

José Nicanor

terça-feira, 16 de junho de 2009

Esquenta-me as mãos

Mal posso colocar em versos,amor
A falsa felicidade que me trazes
Quando em ramos de flores
Tratas-me como a última das rosas
Cobres de palavras e vinhos doces
A amarga consciencia que me leva até ti


Cobre também de flores os meus gestos
Pinta-os como se fossem quadros
Perfeitos apenas por serem meus
Falsos por serem pra ti


Mas amor o que esqueço
É que as mais belas pinturas
Dos lindos gestos cobertos por tuas flores
Têm em sua essência a mais suja das tintas
A clara mentira do artista
Que pinta a amargura da vida.


Morgana Rech

segunda-feira, 15 de junho de 2009


Balela

A traquinagem do escritor

É estar de coração partido e tomado em pranto

E em verso e prosa suspirar

que o amor é um encanto.



Mariana Somariva

domingo, 14 de junho de 2009

Eu ser, ter e estar.

Dadas as circunstâncias,
julguei-me obrigada a pensar sobre quem sou.
Minha identidade!
Antes de tudo,
o solo em que ela brotou.
Do que sou feita?
O que significo?
Qual a forma certa de
definir aquilo com que me identifico?

Pensei nas pessoas,
Nos sentimentos,
Pensei nos animais,
Nos objetos,
Pensei em tantas coisas,
Pensei até no que dispensei.
Dispensei sentimentos,
Abri mão de outros,
Alguns nem tive a oportunidade,
Dispensei pessoas,
Algumas a mim,
Outras se foram…
Os objetos, muitos, deixei onde já estavam,
caso contrário, nem sentido teriam.

Teve lugares,
territórios meus,
que um dia, já nem meus eram.
Deixei lá faces minhas, com seus modus operandis,
modus vivendis,
E, sei que ainda lá estão!

Já me falaram que os lugares de onde viemos dizem quem somos…
Mas, afinal, que solo é esse?
Que por muitos talvez se perdesse!

Lá, experimentei sabores,
Sabores típicos, tradicionais…
Sabores de uma nova era…
Misturados, confusos,
Que intrigaram uns nas suas dimensões superficiais.

Há aqueles que defendem a ideia de que a imagem dos nossos pais diz quem seremos….
Uma música dizia que "somos sempre os mesmos e como eles vamos viver"…
Ainda, há aquela:
… “são crianças como você... o que você vai ser quando você crescer”…
Mas, afinal, quem eu sou?
Será que sou feita de amor?

É bom saber o que somos?
Você é homem ou mulher?
Qual a relevância disto?
Já que, muitos “pagam a conta do analista pra nunca mais ter que saber quem é”.

Você é do tipo que pensa aberto, pequeno ou grande?
O que tem em mente? Sanidade ou loucura?
Já dizia Fernando Pessoa “sou do tamanho do que vejo, e não do tamanho da minha altura."

Na minha, há livros,
ABC…
Alfa, Beta, Gama…
Antropo, socio, bio, filo…
físico, psíquico, político, químico, jurídico…
artístico, contabilístico, futurístico…
econômico, arquitetônico, gastronômico…
erótico, pedagógico, teológico…
didático, geográfico, informático…
poético, cibernético, fonético…
espiritual, sexual, virtual, banal…
informativo, administrativo, destrutivo…
ficção, emoção, intuição…
magia, simpatia, bruxaria…

Terão outros…
novos,
reutilizados,
sustentados.

Sempre haverá farras e jogos.
Filmes e encenações…
Cheiros e olhares…
Danças e fantasias…
Poderes e submissões…
Futebol e carnavais…
Tudo isto e mais um pouco,
Sempre haverá rituais.

Há anos (pode não ser tantos),
afirmei pra mim:
sou corpo,
intelecto,
e espírito.
É um risco dissecar estas variáveis?
Retornos irrealizáveis!

Uma vez acreditei que quem diz quem eu sou são os outros,
baseados em pessoas com quem ando.
Noutra vez, apenas eu.

Disse a mim mesma:
“Não me queira mal,
Não imagine que seja quem não sou,
Por vários momentos conhecer-me-á,
Minhas múltiplas faces não são crueis,
Apenas sou o que sou e não minto.
Poder-lhe-ei assustar
pelos instintos vários que demonstro,
Mas meu caráter,minha personalidade,
é forte e respeitoso.
Poderei ser o tudo para todos,
Como o tudo para alguns,
E o nada para todos,
Para alguns nada.
Pois é, minha personalidade depende de mim,
Mas muito mais dos outros para me avaliar,
já o meu caráter eu sou mais eu,
Por isso custo a me entregar”.

Quando me perguntam,
há em mim coisas que ainda não sei…
O tempo para responder é curto,
Para mim… nunca acaba,
Orgulho sei que tem!
Tem medos!
Tem sonhos!

"I know what nobody knows"
(Sim, eu sei que ninguém sabe)
"Where it comes and where it goes"
(De onde vem e para onde vai,)
"I know its everybodys sin"
(Eu sei que é o pecado de todo o mundo)
"You got to lose to know how to win"
(Você ter que perder para saber como vencer)

Sei também que "Theres no time for us"
(Não há tempo para nós)
"Theres no place for us"
(Não há lugar para nós)
Enfim, "What is this thing that builds our dreams"
(Que coisa é essa que constrói nossos sonhos)
"Yet slips away from us?"
(E vai para longe de nós?)

"I dreamed a dream"
(Eu sonhei um sonho)
"Now life has killed the dream I dreamed"
(Agora a vida matou o sonho que sonhei)
Será porque agora o realizei?

Mas, ainda, não sei quem sou…
Qual é o meu lugar,
Será que o tenho?
Ou não posso enxergar?
Então, “abra que eu vou sair,
vou morar no ar”.

Aline Pauli Mallmann

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Chegada

Escalou a parede

Entrou pela janela

Senti seu calor, de trás do meu corpo

Sua barba coçando minha pele

Seu cheiro penetrou em minha alma,

Não resisti

Caí da cadeira, chutei o balde

E viajei com ele

Rumo ao infinito da noite:

As taças de vinho

As mordidas na orelha

Os beijos junto à farinha do bolo

Os amassos junto ao prato principal,

E o cobertor junto dos nossos corpos.

A orelha gelada como eu gosto,

O peito quente como aprecio

E a barba roçando em mim, como eu suspiro!!

Não importava, o dia, o mês ou a estação,

Ele sempre vinha,

Calmo nas palavras,

Rude na pegada,

Mas nada era tão bom.

Como apreciava aquele jeito clichê dele se estalar todo,

Dos dedos das mãos, passando pelo pescoço até o dedinho do pé.

Ahhh... e como ele sabia chegar...me provocar...

Aquele perfume perfeito,

Gosto de vinho,

Sabor de pecado,

E nós de amantes.

Ai, como eu queria que isso não fosse um sonho!

Nessa madrugada gelada e só!

Bem, vamos avante!! Que tal uma taça vinho??

K.L.M.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Logo, logo.

Hum.

Eae!

Eae!

Tudo?

Tudo!

E tu?

Bem de bem!

E tu che?

Loco de Bueno!

Mazá galo cinza!

Galo nobre!

Galo tito!

Galo véio!

Que tal a bóia?

E o trago?

Especial de primeira?

Mas che, que lixiguana!

(Marimbondo/abelha de colméia rente ao solo,

visitante da região missioneira!)

E que frio!

Frio de renguear cusco!!

Cuzco, Peru!

Retruco?

E tu?

Quero vale 4,

sujêra!

Asneira!

Sem eira nem beira!

Concorda?

Fica na borda e...


Te joga!


Murilo

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Os quadros da tua casa

Faz frio aqui no meu peito

Mas ao olhar a Lua

Ele é pura incandescência

Pois sua luz

Me leva aos olhos teus

...Olhos-Luz...

Vontade de ir a tua casa

Olhar a Lua da janela

Sorrir para ti

Sorrir para ela

Passear pelos teus quadros

Eles retratam um pouco de mim em ti...

Apanhados por entre teus braços

Incognitas

Miradas

Restauradas

Cuidadas

Os quadros da tua casa...

Pudera eu, num deles adentrar

E por uma noite de insônia

Te fitar

Acompanhar...

Tua angústia

Tuas músicas

Tentativas de deitar

Teus versos

Vacilos

Conversas

A leitura do rótulo de café...

Amanhece!

De súbito salto de dentro do teu quadro

(aquele, repintado)

O Sol desprendeu-me da tela

Convido-te a espiá-lo da janela

Ai, meu peito de novo se aquece

Agora vamos, Amor,esquece...

Tua insônia

Teus anseios

Abraça meu caloroso peito

Repousa teu cansaço nos meus seios

Permita embalar-me

Em teu acalanto

E juntos tenhamos

Uma boa manhã de sono.



LUDMILA FLORES

terça-feira, 9 de junho de 2009

RACIONALIZE

http://www.youtube.com/watch?v=8OpzpKsFFcY

PERESTROIKA E INSTITUTO AKATU - CAMPANHA DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE. HOT VÍDEO EXPERIMENTAL DIA 5 DE JUNHO.

Renato Ortiz!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A arte não é um hobby.
Quem são os artistas frustrados?
Quem são os artistas sem renda?
Nunca questionamos isso!
E se questionamos, não fez sentido...
pois a razão não toca a arte,
e quando toca, admira!
...
e a arte?
nem sente!

***
Tobias/Bruno/Murilo/Bira


domingo, 7 de junho de 2009

O teu amor adentrou em minha vida,

como algo inimaginável e de cor intensa.

Verdadeiro e sonoro ar quente, titã!

Como o vento apaixonado pelo mar

levando algas marinhas.


O amor alimenta nossa ação.

Presente, vivo, curador.


Na minha alma, te sinto inteiro,

livre no encontro do amor com a vida.


És tu quem vai comigo por onde ando distraída,

pelos meus sonhos expressivos de emoção,

nas minhas utopias e... também nos passos tortos

caminhando o dia e a noite.


Descubro contigo tantos tesouros,

fontes escondidas dentro de pedras.

Toda a loucura inventada por

vivermos e acreditarmos em

novas palavras a serem ditas.


É por estarmos agora abraçados

de tal forma que juntos respiramos

a nossa variedade.


Sinto o amor crescendo segundo a segundo

como árvore plantada em terreno fértil,

e é o que cochicham nossas mãos que se tocam.



Paola Mallmann

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O pintor e a meretriz


Insuportável
Inconstante
Incontável
Isabel não sabia o que fazer
Por isso nada fez.

Ficou olhando pela janela
Enquanto os soldados levavam seus pertences
Ela devia impostos ao rei
Eram muitas moedas de ouro
Isabel não tinha dote

Os soldados jogavam tudo dentro de uma carroça
Com força e desdém
Como se aquelas peças não fizessem parte de uma vida
Como se Isabel não fosse uma pessoa
E riam da situação como se tudo não passasse de uma cena circense

Isabel começou a chorar
As lágrimas rolavam por suas bochechas vermelhas
E caiam no chão de madeira
Sem fazer barulho
Pobre Isabel, não tinha mais cama.

Depois de tudo recolhido
O capitão dos soldados foi ter com Isabel
Disse-lhe que a hora era chegada
Que deveria deixar a casa
Ou sofrer as conseqüências.

Isabel limpou o rosto com a manga de seu vestido
Encaminhou-se em direção da porta
Passou pelos soldados que riam
Olhou para trás e pôs-se a caminhar
Pela estrada que parecia não ter fim

Ela chorava e caminhava
Não tinha idéia do que fazer
Não queria virar prostituta
Mas não conseguia ver luz em seu caminho
Pareciam que todas as portas estavam fechadas

Chegando a cidade
Foi direto ao bordel
Falou com a cafetina local
Pedindo-lhe emprego
Ela olhou Isabel e concordou

Disse-lhe para se arranjar
Entregou-lhe a chave de um quarto
O custo era de uma moeda de ouro por noite
Clientes não iriam faltar
O lugar era bem freqüentado, e ela era bonita

Isabel fechou-se em seu quarto
Banhou-se demoradamente
Recolocou seu vestido e voltou a sala
Sem maquiagem, despenteada
Não fazia diferença se iriam gostar ou não

Seu primeiro cliente apareceu
Parecia ser gentil
Disse-lhe que queria conversar
Que tinha uma proposta para ela
Foram até seu quarto

Fechou-se a porta e o homem sentou-se na cama
Olhou para Isabel que começou a tirar a roupa
Ordenou que ela parasse
Queria mesmo apenas conversar
Isabel sentou-se ao seu lado

Ele era um pintor
Queria uma modelo
Ela riu-se, perguntou para que
Ele disse que queria pintar
Uma mulher, nua

Isabel não sabia o que dizer
Era imoral, tão imoral quanto o bordel
Deus não a perdoaria
Não poderia
Não aceitaria

Ele olhou-a
Passou a mão em seu rosto
Com um carinho jamais visto
E mandou ela se despir
Se não queria ser modelo que fosse meretriz

Ele foi o primeiro
E voltou todas as noites
Sempre lhe deixava uma moeda de ouro e uma de prata
E toda a noite lhe fazia a mesma proposta
Queria pintá-la, nua

Nos intervalos dos atos sexuais
O pintor e a meretriz conversavam
Ele sabia que era o único
E ela estava aprendendo sobre arte
Uma troca justa ele dizia

Isabel contou-lhe sobre sua vida
De como quando o pai, então amigo do rei morreu
E ela recusou-se a deitar-se com ele
O rei então lhe cobrou todos os impostos
Que não cobrava de seu pai

Ela não tinha como pagar
Então ele lhe levou tudo
E tudo que lhe sobrara era seu corpo
E um vestido
Estava sozinha, sem saber o que fazer

O pintor a convidou para uma viagem
Que tal Paris
A cidade luz
Onde ninguém a conheceria
Poderia de novo ser uma moça da sociedade

Mas e como ela faria para se sustentar lá
Não tinha um vintém
Não conhecia ninguém por lá
Não conhecia a cidade
Provavelmente voltaria a mesma vida

O pintor disse-lhe que poderiam morar juntos
Tinha um emprego a sua espera
Logo partiria
Ela que pensasse bem
Poderia ser a oportunidade de sua vida

Ele voltou na outra noite
Ela disse que tudo bem
Que fossem a Paris então
Ela começaria de novo
Prometeu-lhe ser uma boa esposa

O pintor não queria uma esposa
Queria uma modelo
Ela aceitou
Ele tomou-a em seus braços e deu-lhe um longo beijo
Amaram-se mais uma vez

Na manhã seguinte partiram
Ele pagou suas despesas no bordel
Isabel não tinha malas
Ele comprou as passagens
E se foram felizes a Paris

Chegaram ao raiar de um novo dia
E procuraram uma pensão
Isabel ficou a dormir
Enquanto o pintor fora de encontro com seu emprego
Não muito distante dali

Falou com seu chefe
Ele daria aulas
Mas teria que ter uma vida regrada
A escola não admitia que seus professores
Fossem uma má influencia aos alunos

Ao voltar a pensão
Isabel estava deitada nua sobre a cama
Dizia que estava pronta
Que ele poderia pintá-la agora
Que ela se entregaria a sua arte

Ele pegou seu estojo de tintas
Seus pincéis e uma tela
Pôs o cavalete em frente a cama
E começou a desenhar
Com amor e euforia

Então a tela ficou pronta
E todos os dias quando voltava da aula
Isabel espera o pintor nua
Em uma posição diferente
E muitos quadros foram feitos

Um dia, o diretor da escola pediu-lhe um quadro
Queria colocá-lo em sua sala
Um enfeite cedido pelo seu melhor professor
Faria bem para imagem da escola
E para seu trabalho

O pintor chegou em casa
Isabel
já o esperava
Posição de Vênus
Ele a olhou
Mas não a pintou

Disse-lhe que não era mais preciso
Que já tinha feito todos os quadros que queria com seu corpo
Que precisava de uma nova inspiração
Que ela já estava ultrapassada
E falou sobre o quadro que o diretor pedirá

Disse-lhe que achava que sua arte era inapropriada
Que ele jamais aceitaria um de seus quadros
Que não poderia ser considerado o melhor professor
Pois não teria arte a mostrar
Desdenhou a arte do corpo de Isabel

Ela começou a chorar
A pintura de seu corpo nu era o que os ligava
Como poderia ele não perceber que enquanto a pintava
Pintava sua alma
Nenhum outro homem jamais teria isso

Mas isso não fazia diferença para o pintor
Ele queria ser famoso
E não apenas um reles professor
Precisava de quadros que honrassem a escola
Precisava de uma nova arte

Pegou seus pincéis e tintas
Uma tela e saiu
Foi procurar sua inspiração na cidade
Algo belo e digno da sala do diretor
Algo grandioso

Isabel ficou a chorar
Se sentindo natureza morta
Deposta por seu ídolo
Jogada fora por seu amor
Sem função alguma

Preparou o jantar
E abriu um vinho
Pôs-se a beber
Quando a chuva começou a cair
E seu algoz não voltava

Quando o pintor chegou
Isabel estava deitada na cama
Ele deitou ao seu lado
Sentiu o seu cheiro de vinho
E sentiu uma enorme angustia

Sentia como se aquela mulher o tivesse destruído
Passara a tarde no parque e não encontrara inspiração
Apenas conseguia ver Isabel em todos os lugares
A imaginava nua por entre as árvores
O chamando para pintá-la

Ela havia tirado todo seu dom criativo
E roubado para ela
Depositado em seu ventre
Como se seu corpo fosse a única coisa digna de sua pintura
A única coisa que o fazia ser um artista

Então ele foi até a cozinha
Pegou uma faca e voltou ao quarto
Olhou Isabel, nua como sempre
E desferiu-lhe um golpe na barriga
Seus olhos se abriram espantados

Ela o olhou com dor
Ele desferiu um novo golpe, no peito
E mais outro e outro
Ela não gritava
Nem dor sentia

Por fim fechou os olhos
Assim como os tinha aberto
Estava morta
O sangue se espalhava sobre a cama
Como a água de um rio

O pintor se levantou
Buscou uma de suas telas
Cortou um chumaço do cabelo se Isabel
Embebeu no sangue
E depositou sobre a tela

Contornou seu rosto
Seu peito e suas coxas
Criou os detalhes
Sua boca sorria
E seus olhos brilhavam

Dado terminado o trabalho
Limpou suas mãos e deitou-se ao lado de Isabel
Olhou-a, segurou sua mão e beijou sua boca
Ela estava gelada
Assim como sua inspiração

Tomou um longo gole de vinho
A chuva havia parado
A noite caído
O sangue secado
E o tempo passado

Pegou novamente a faca
Olhou seus pulsos
Deslizou a lâmina sobre sua pele
E o liquido vermelho jorrou
Seu coração se acelerou

Deitou-se ao lado da meretriz
Olhou-a uma última vez
Segurou novamente sua mão
Fechou os olhos
E não foi mais trabalhar.


Ana Paula Beise

quarta-feira, 3 de junho de 2009

abrace os dias
como a noite abraça as estrelas
durma ondas de sonho
como uma poesia recitada
em líricos dias de chuva
e voe até a lua
deslizando como uma nuvem
rebelde porém tranquila
que os anjos toquem a melodia
que o amor renasça
em cada gota de chuva
que cai sem pressa
que o passado , presente e futuro
estejam em sintonia com a poesia
dos meus versos!

Ernesto Maia Lemos

terça-feira, 2 de junho de 2009

(Re) Petido

(Re) Significou o amor.
(Re) Surgiram todos os dias.
(Re) interpretou suas vidas.
(Re) imprimiu sorrisos em vozes.
(Re) Escutou ruídos no silêncio.
(Re) lembrou idéias novas.
Tudo já foi (re) vivido.
(Re) quentado.
(Re) cantado.
(Re) lembrado.
(Des)ILUSÃO!

José Nicanor

segunda-feira, 1 de junho de 2009

ORGIARTE!!!!

SUCESSO TOTAL!!
OBRIGADO A TODOS QUE COMPAREÇERAM AO FUNILARIA!

Segue o link das fotos tiradas pela Natália na noite do dia 28/05:

http://picasaweb.google.com.br/nataliagastaud/Orgiarte_28_05_2009#

Boa semana!