O Livretu é um...

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Porto Alegre, RS, Brazil
Blog dedicado à livre literatura. Poemas, contos, crônicas, músicas, palavras ao vento... e o que te fizeres viajar pela imaginação. O LIVRETU é livre, e surgiu da idéia de alguns amigos dividirem suas produções, delírios, sonhos, alegrias e letras. Envia tuas composições também! Faça parte dessa grande esfera literária. É livre. E como fala nosso grande Drummond: Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, Mas a poesia (inexplicável) da vida. Envia para livre_tu@hotmail.com tuas idéias. O blog já fez 2 anos e comemora com uma mini-edição impressa e uma confraternização de artes, o ORGIARTE, ambos indo para a sétima edição.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

MINHA BUSCA


Sábado chuvoso
Noite vazia
A lágrima corria no rosto
A saudade batia
O fogo apagou.
O feriado recém começou.
Mas minha alma se foi.

A dor e a tristeza me abateram
Parecem sem cura,
Coisa dura,
Na verdade,
Saudade pura.

Tchau!
Vou ali
Buscar-me
De onde me perdi!
Pretendo voltar,
Mas se não apontar,
Olhe para o céu
e veja a estrela a brilhar!
Sou eu, em forma transcendental,
Assim como o luar.

K.L.M.

sábado, 20 de setembro de 2008

Aprendiz Constante
Na Observação Participante
Da Decadência Charmosa
Do Submundo Porto-Alegrense
Cansa E...ME DÁ NOJO
A Diversão Por Ela Mesma
Tipo Cama De Gato,
Tu Sabe?
Sem Gritar Por Nada
Assim, Normal...
É Só Isso?
Mas...E O Que Fazer?
Pra Onde...Ir?
Pensei Em Ti.
Acho Que Talvez
Eu Seja Isso
Um ponto de
(?)
Ambulante!
E Dai?...

Murilo

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Arranha-céu


Parede congelada.
Feita de tijolos de gelo
com reboco de freezer
com argamassa de neve
pintada com a geada embaçada
polida com o esquiar de patinadores.

Parede congelada de prédio.
Rocha de água dos Andes,
que já foi lava fervente
perdeu graus subindo degraus,
sonhou tocar o céu.
Congelou ao arranhá-lo

Apesar do sol e seus vulcões
o céu é uma geladeira,
as nuvens são balões de neve,
os raios são fios-terra desencapados.
Vem chuva só quando tiram
o te do universo da tomada.




Fernando Saldanha

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Subpoema

Sentei no banco esguio da fome,
postei-me na fila cara da doença,
banhei-me na nascente cinza da valeta,
rezei ajoelhado no cordão da calçada,.

bebi o aroma do pano de borracharia,
dormi no canteiro de britas e urina,
acordei com um boleio na bunda,
garimpei mofo, o ouro das minas de lixo.

Fui poste de concreto enfeitando as ruas,
cara feia que repugna e tampa o nariz.
Fui moeda do nojo que se engana
e merda de cachorro fedendo nas praças...

Ainda seria,
se não tivesse,
cheio de alegria,
em meu novo abrigo.

Finalmente Minha Casa
o Jazigo.






Fernando Saldanha

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

E tudo acaba em Samba


Eu queria todo dia
Acordar no palco de um teatro
Espero cair à noite na coxia
Mas qual será o espetáculo?
Improviso, perna bamba
Assim que acabar vê se me avisa
O horário da roda de samba.

Poderia viver assim
Ser meu próprio querubim
Digo que triste tenho andado
Só pra te mostrar meu sapateado!
Se cair do vestido uma alça
Finjo que danço logo salsa...
Posso um dia até fazer novela
Subo no telhado e sou Gabriela
...Mas se alguém me diz irritado
Desce daí, menina, caramba!
Não há de ser nada
Eu e meus camaradas
Vamos logo afogar as mágoas
Em alguma roda de samba

Acordo e o outro dia
Não é nada que eu pensava
Ando um pouco, tiro o salto
E em qualquer encontro
Estou de novo no palco
...Minha amiga, está na hora!
Onde é que tu andavas?
Preocupe não comigo
E vê se colabora
Acho que cheguei a tempo
De encher a casa!
...Tu me olhas espantado
Pois não sabes de onde trago
Toda essa muamba?
Te convido a vir comigo
Descobrir algum motivo
Em uma boa roda de samba.


Morgana Rech

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

!?!?Non Sense!?!?

O relógio de parede, da estante,
tem ponteiros que soam como espadas chinesas.
A companhia
dos velhos livros;
A companhia
do mais clichê dos quase-pesadelos;
A ausência
de sono,
é a certeza de sono.
Busco o túnel,
para quem sabe buscar a luz.
Que é incerta
tanto quanto é incerto
meu café da manhã...
No andar de cima
um cusco raspa as unhas no parquet,
que tranqüilidade!
A insônia é canina também!!
-Buenas noches!!
-Au, Au!!



Murilo
Pensoneto


Livro velho na estante velha.
Páginas e palavras de pó,
papel de bíblia de João a Jó
em fumo de brasa vermelha.

Frases pegas em segredo
no ar da renite cheiradas,
páginas inteiras apagadas
viradas no lamber do dedo...

Do pó amortecido no plano
da velha folha amarelada,
esculpindo pensamento

a baba seca faz barro branco
e a livre letra fala calada...
Em silêncio como o tempo.



Fernando Saldanha

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Não me olhe dos pés a cabeça
não meça meus atos e
não procure compreender
as coisas girando em torno de mim
eu me perco em dias...
vagando de pés descalços
em pedras gélidas
E reviro as noites pensando...
já não tenho fatos reais
em goles surreais de amor
A letargia me assombra
meu sangue descança
um pêndulo em falso
é a tua sombra aqui perto
Numa lápide fria
que guarda muitas lembranças
embaralhadas,
encobertas pela cinza do incenso aceso no vazio.

Wanessa H.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

AUSÊNCIA

Cadê?
Sumiu?
Se perdeu?
Foi embora?
Ou apenas deixou saudades?

Foi...
Levou minha alma
Deixou seu cheiro
Partiu sem rumo certo.
Voou
Esnobou
Pulou?

Não sei!!
Inventou a saudade,
Redescobriu minha dor.

Foi ela...
Foi ele...
Já não sei.
Só sei que existe apenas silêncio,
E a solidão,
Guardada no fundo do meu coração!

K.L.M.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Ed.Nashua

Todos têm a chave moderna
Todos têm uma caixinha postal
Todos têm a chave da caixa de jornal
Exceto uns 193
Todos sabem que não tem porteiro
Todos sabem do bar GLS
Todos sabem do problema crônico do elevador
Exceto quem tem medo dele
Todos sabem do orgânico e do seco
Todos buscam suas toalhas no pátio
Todos freqüentam o Zaffari
Todos lêem avisos do DMAE
Exceto os que não têm mais saco
Todos têm vista pro fundo
Todos, exceto a metade
Todos falam com ninguém
Todos, exceto todos menos eu
Sabem como foi realmente boa essa idéia...

Murilo
Lá lá lá lá
Alá alá alá alá
Ah larga
Essa idéia fixa
Alarga
Essa mente estreita
Alaga tudo de magia
Faça
Uma oferenda
Faça
Uma sinfonia
Atreve-te a mudar o hábito
Atreve-te a mudar de óculos

Pega a lata de tinta e
Pinte
o corpo de amarelo
E saia nu cantando a vida!
Viva esse segundo único
Respira forte e profundo!
Pega a lata de tinta
E pinta o corpo de amarelo
Pinta o corpo de amarelo
E saia nu cantando a vida
Saia nu cantando a vida
Abra os braços como pássaros
Te arrasta como uma minhoca
Entra na água, pensa que é foca
Para de ler e descobre
Enfim o desdobre
E des-cobre
Não cobre mais esse animal
Não cobre mais desse animal.
La lá lá lá
Alá alá alá alá

P.M



segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Mago

...se me oferecessem
escolher
entre um milhão
e
poder ler teus pensamentos
eu não exitaria, eu não teria dúvida!
e tu?teria?
...
se me dessem de presente
um tapete voador
eu me sentiria feliz, eu seria um pássaro!
e tu?seria?
...
se eu tomasse um elixir
pra ficar invisível
todos os dias
eu te convidaria!
e tu?tomaria?

Murilo
Eu e a Noite

Da noite eu não espero nada
e ela me dá tudo,
Se me dá!...
Me dá tudo e me dá de tudo!

Se saio por sair, apenas pra rir e ver
a noite acontecer,
ela vem a mim na fotografia
e na feminina poesia,
– voz fina, lisa pele.
A noite me tira para dançar,
é meu exclusivo par
e ainda me apresenta uma mulher
sem querer,
E bebo o bar e bebo o bar
e bebo o bar.

Saio pra entrar
na noite que na noite se esconde
e no não-sei-onde
encontro o que me procura,
tonto na luz escura
vago ruas, trago o que vier.

As notívagas nuvens saem do meu sopro...
Pouco a pouco
chega ao topo do céu o tabaco da boca.

Noite loca
e eu mais loco.


Fernando Saldanha