O Livretu é um...

Minha foto
Porto Alegre, RS, Brazil
Blog dedicado à livre literatura. Poemas, contos, crônicas, músicas, palavras ao vento... e o que te fizeres viajar pela imaginação. O LIVRETU é livre, e surgiu da idéia de alguns amigos dividirem suas produções, delírios, sonhos, alegrias e letras. Envia tuas composições também! Faça parte dessa grande esfera literária. É livre. E como fala nosso grande Drummond: Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, Mas a poesia (inexplicável) da vida. Envia para livre_tu@hotmail.com tuas idéias. O blog já fez 2 anos e comemora com uma mini-edição impressa e uma confraternização de artes, o ORGIARTE, ambos indo para a sétima edição.

domingo, 19 de julho de 2009

Transtorno Noturno

Não escrevo para ti, mas talvez daqui a alguns bons anos sejam à tua pessoa estas palavras.

Hoje é para o senhor e para a senhora. Como vão? Estão caminhando para onde desejam?

Ou seus passos ainda correm soltos na vida, sem saberes onde chegarás?

Na madrugada pensei em nós, e nos anos que virão

E ainda não temos idéia das andanças e lutas que teremos que enfrentar.

Sinto em mim, a velhinha que já carrego a me consolar,

A senhora em mim me transformar.

No entanto, penso que é um engano nosso achar que não seremos os mesmos.

Seremos os mesmos!


E isso não implica

ser fixo, estagnado.

E sim um mesmo ser, capaz das mais impressionantes transformações.

De texturas da pele, de gestos intermináveis de amor com as mesmas mãos caducas

que um dia eram tão pequeninas, a agarrar um dedo de pessoa mais velha.

De nós mesmos à nós mesmos.

Um mesmo corpo a testemunhar teus passos,

Acidentes e ingenuidades.

Uma mesma vida, que nasce e morre e nos percorre por inteiros,

Por nossa vida inteira...

E não conseguimos perceber sua união.

Trazer conosco encantamento, deixar crescer compreensão.

Penso na menina que minha avó foi, e nos sonhos que ela tinha.

De que brincava? O que a encantava?

Hoje a percebo tão amargurada, vejo seus calos e o cansaço, sinto sua solidão.

O colo que me embalou,

As mãos que meus cabelos acariciaram, ainda têm sonhos?Quais?

Sabe como é uma incrível mulher?

À que horas do tempo ficou sua energia? Em que dia reencontrará seus anseios?

A solidão invadiu a penumbra do quarto

E a sensação de não ter a quem correr assusta,

E no entanto, teu colo, sempre ofereces.

Sinto hoje, como se avó tua, eu fosse.

Sou a senhora que olha a fotografia da antiga menina com os olhos bobos a sorrir.

Menina senhora....senhora menina.

Descansa, pois cuidarei de ti.


Paola Mallmann

Nenhum comentário:

Postar um comentário