Aquelas pútridas revistas, pensava, o fitavam com escárnio. Ficavam lá esperando para serem lidas, e tinham absoluta certeza de que o seriam, por isso riam-se dele.
Sabiam, as malditas, que naqueles momentos de solidão não se havia mais absolutamente nada interessante a fazer.
Riam-se a ponto de humilhá-lo: sabiam que ele não resistiria folheá-las, mesmo tendo plena consciência da variedade incontável de coliformes fecais espalhados pelas páginas - desde os descaramentos da politicagem até as seções enfadonhas de variedades para patricinhas.
Era o que se tinha de mais cômodo àquele instante; detestava reconhecer que era informação adquirida puramente via goela abaixo.
E também achava categoricamente repugnante ter de umedecer o dedo na língua pra poder trocar de página. Porém só o percebia depois de já ter engolido.
Mariana Somariva
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