Como é importante o tempo para valorizar o ato de repetidas ações!
Li, no intervalo de quatro dias, duas crônicas do Juremir “martelo”. Fui um pouco exagerado, para quem lia uma por ano. Obviamente, não curti a leitura da segunda crônica e fui levado a repensar minha opinião sobre a primeira. È claro que se eu tivesse lido uma a cada ano, como antigamente, teria guardado-as com mais carinho na minha memória.
A primeira era hilária, daquelas de dar risada sozinho. A segunda começou muito engraçada também, porém em seguida comecei a achar tudo chato -combinações de palavras, distribuição dos parágrafos- comparava tudo o que podia com a primeira. Consegui, até mesmo, achar uma frase que se repetia nas duas. Era a seguinte: “dar bafo no pescoço...”, e isso foi o fim da picada para mim. Estava realmente odiando a leitura daquele segundo texto, e odiava também a cara do cronista na parte de cima da folha do jornal. Cheguei ao ponto de nem ler o último parágrafo antes que vomitasse tudo em volta.
Percebo, agora (um dia depois), que não foi culpa das “marteladas” que Juremir dava em quem fosse que aparecesse nos seus escritos, e sim do pouco tempo que deixei entre a leitura de ambas. Há atos que repetidos seguidamente se tornam chatos e desvalorizam-se, como por exemplo: comer duas bolas enormes de sorvete de creme;
escutar dois álbuns inteiros dos Beatles na seqüência; trepar duas vezes seguidas com a mesma gata na mesma posição; tomar dois tragos em noites consecutivas na mesma festa; e até mesmo, viver duas vidas (uma após a outra) sem dar um espaço de morte. Isso tudo se torna enjoativo, entediante e deixa a vida sem criatividade.
Não querendo “martelar” as orelhas do nosso querido cronista Juremir “martelo”, deixarei o tempo levar essas crônicas latentes agora em mim e voltarei a lê-lo em 2010. Moral da história: dê tempo ao replay!
(dois dias depois)
“Me passa o jornal! Quero só dar uma olhadinha no que ele escreveu hoje.”