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Blog dedicado à livre literatura. Poemas, contos, crônicas, músicas, palavras ao vento... e o que te fizeres viajar pela imaginação. O LIVRETU é livre, e surgiu da idéia de alguns amigos dividirem suas produções, delírios, sonhos, alegrias e letras. Envia tuas composições também! Faça parte dessa grande esfera literária. É livre. E como fala nosso grande Drummond: Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, Mas a poesia (inexplicável) da vida. Envia para livre_tu@hotmail.com tuas idéias. O blog já fez 2 anos e comemora com uma mini-edição impressa e uma confraternização de artes, o ORGIARTE, ambos indo para a sétima edição.

domingo, 25 de janeiro de 2009

A procedência

Uruguaiana, Iate Clube Tamandaré, verão de 95...
Jogaríamos bola, como de costume.
O sol batia forte no Uruguai Grande.
Gramado ralo, uma cadeira de cada lado.
Famoso “mini-arco”. Sorteamos as duplas.
De um lado José Francisco Velo Neto, vulgo Puchero, dono, na época, de uma velocidade impressionante, e Caburíco, o filho prodígio de um certo Caburé.
Do outro eu, Luiz Fernando Gutierrez Roque, apenas um garoto, e Lucas Velo, o mais velho e experiente de todos, irmão do menino José.
Bola no meio.
Iniciava-se ali uma batalha épica. Cinco vira, dez acaba. Era lá e cá.
Não havia espaço para erro. Era jogo de gente grande.
1 x 0. 1 x 1. 2 x 1. 2 x 2. 2 x 3. 3 x 3. 3 x 4.
Os times se revezavam na vantagem dos gols.
O jogo ficava cada vez mais tenso.Chegamos então ao temido placar de 9 a 9. Quem faz ganha.
Os ânimos se acirram. As duplas se estudam cautelosamente. Qualquer erro seria fatal.
Luiz Fernando pega a bola. Toda a pressão cai sobre ele. A marcação era implacável.
Vendo seu companheiro impossibilitado de receber a assistência, LF, então, desprovido de qualquer medo, inicia uma arrancada fantástica pela ponta esquerda, e, com uma manobra futebolística mediúnica, dribla desconcertantemente o filho de Caburé. Lucas acompanha correndo pelo meio.
Agora eram dois contra um. Era o gol da vitória chegando.
Apenas um passe separava a dupla da glória e da Coca gelada.
Mas, em um lapso de entusiasmo e individualismo, no lugar de um passe óbvio e certeiro, LF tenta mais um drible.
Puchero rouba a bola. Contra-ataque. Passe para Caburíco, sozinho.
Agora, a derrota é que estava próxima. LF volta correndo desesperadamente. Lucas abaixa a cabeça, já incrédulo com o que iria acontecer.
Caburíco avança. LF corre. Caburíco chuta. A bola flutua sobre o gramado em direção ao gol.
LF segue correndo. A derrota se aproxima ainda mais, mas LF ainda acredita. A bola quica...
Trave. Lucas levanta a cabeça em um surto de esperança. LF não dá mais conta de suas próprias pernas. LF tropeça. Tropeça? LF cai sobre o gramado e bate na bola que se afastava da cadeira.
A bola volta, e entra. Gol. Contra. 10 x 9.
Do céu ao inferno em apenas alguns segundos. Talvez tenha sido um buraco, ou talvez o cordão do tênis. Não importa. LF jamais esqueceria deste dia.
O porquê???...Lucas, não acreditando no que acabara de ver, grita:
“Mas tu é um PEREBA mesmo!!”....


Luiz Fernando Gutierrez Roque, o Pereba.

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