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Blog dedicado à livre literatura. Poemas, contos, crônicas, músicas, palavras ao vento... e o que te fizeres viajar pela imaginação. O LIVRETU é livre, e surgiu da idéia de alguns amigos dividirem suas produções, delírios, sonhos, alegrias e letras. Envia tuas composições também! Faça parte dessa grande esfera literária. É livre. E como fala nosso grande Drummond: Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, Mas a poesia (inexplicável) da vida. Envia para livre_tu@hotmail.com tuas idéias. O blog já fez 2 anos e comemora com uma mini-edição impressa e uma confraternização de artes, o ORGIARTE, ambos indo para a sétima edição.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Eu estou sempre com a mesma fome que você

Talvez essa seja nossa última conversa, você vai morrer daqui há pouco, talvez antes de sua mãe, não é uma provocação, não te desafio, entenda isso. O que tanto quisestes me dizer, neste tempo todo, nas tantas marcas que deixou, todas surpresas que fez, todas vezes que te procurei, talvez sejas, realmente, minha mais profunda companheira; mas não quero mais que venhas.Não sei porque insisto tanto em te querer, se você sempre faz de mim o que bem quer, se ao teu lado sei tão pouco de você, é pelos outros que eu sei quem você é, eu sei de tudo, com quem andas, aonde vais... É uma loucura, quando entro em contato contigo, mesmo assim a distância, ... eu recebo teu abraço, ... me enganando, só assim somos amigos... é uma loucura, também me dá raiva te querer e aliás acho que fazes parte da raiva que existe em mim, mas agora, não me falta mais coragem pra dizer que nunca mais, ... no mesmo instante em que teu corpo toca ao meu... não existe mesmo certo e errado e te abandono não por brigas birras mas pelo cigarro que resolvi fumar sozinho, pelo amor que sinto por ti e por mim mesmo, pela adultez de minha vontade, é uma carta de despedida, flor, talvez nos vejamos na eternidade dos abraços, mas será, definitivamente, diferente. Já não sei se estou sonhando agora, pode ser que sim, pode ser que eu acorde quando cerrar os olhos e ferrar no sono. Meu castelo de areia, minha gaivota de uma asa, minha planície do chile que eu corri nu entre as margaridas, não és minha. Me culpo e me debato por parecer romântico, és privilegiada, assim como tua mãe. Vai lá, vai lá beijar a testa da tua mãe antes que tu ou ela morram, não não vai, deixa que ela morra sem tua presença martirizando o resto dos dias dela, a menos que, sensitiva como tu é, percebas que ela te chama, mas por favor, deixa tua sombra de lado. É isso, as coisas são mesmo importantes de serem vistas como luz e sombra, e acho que podes mesmo ter uma enorme sombra, é como aquilo que não queremos ver, tu tem isso, não há como negar. Mas tá, dancemos um pouco, está tudo bem, não quero jogar a vida fora, vem cá, esquece, nos temos um ao outro, mas não quero, tenho medo, tanto tempo juntos, você ali estava quando causei a bênção dolorosa saindo de minha mãe, e ...,Espelho flores e falos, a vida se recontorce embebida em sangue, entre adão e eva e maçã a árvore me pareceu mais importante. Sabes que muitas vezes sou dado a floreios, e que tu mesmo, sendo uma flor de espinho, mereces esse mel que de tão doce enoja.
Acho que o desabafo está acabando, mas a carta não. Acho que agora posso te falar mais calmamente,a lua vai minguar logo mais à noite..Sinto meus dentes levemente pressionados uns contra os outros, acho que minha raiva em alguns momentos fazem parte integrante de minha inteireza. Talvez sempre, mas a quantidade varia, é como cachaça, e eu sou bebum, é isso? estar perdido é só uma sensação. Mas como assim só uma sensação?, a sensação não é um monstro vez em quando? Sim, mas é só uma sensação, de qualquer maneira. Como assim, só?nesses dias, me senti muito frágil; foi lindo, me senti uma plantinha miúda recém nascida, era muito forte ser frágil daquele jeito, logo passou, eu chorei muito por estar vivo, senti uma coisa no peito, espero que todo mundo sinta isso um dia, é maravilhoso, e chorar sem tua companhia foi, mesmo, maravilhoso. não mais minha mas ainda flor de cactos.
Eu sim, sempre serei teu;


O Pelicano.

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