Dama Relapsa:
Na cidade, brisas e carinhos
tocam-me na pele escamosa, em instantes sinto que entram
em mim, deslizo.
Doce alento ainda sentir vida.
Alívio! Alívio, ainda viva. E não mais...
No escuro.
Não esqueço.
Eu estou cansada.
A respiração vem pesada e depressa
desce até o fundo do pulmão, feito terra entalada.
Reviro-me e embora relute cada vez mais
escorrega, lentamente por dentro do corpo todo
depois da boca, a garganta.....
e nada posso fazer,
os pés afundam imóveis.
meus olhos onde estão?
sinto apenas que transpira pela pele
rendida.
Penso, a noite que amei
a ilusão, entre luzes o chapéu abobado
entre luzes, a tua voz
as mãos no peito. Era verdade.
Sutis elas aguardam a manhã em que
virá extrema unção, virará podridão
terra após terra e todos os insetos do abandono,
cobrindo o que não digo para ti.
Ah! Engasgo de falta!
E nem mesmo queres! Tristeza.
Esverdeada e vermelha, em aparência
tsatisfaço na minha nova condição.
E a intensidade costurada no peito não
é
escudo
para
dores me mordem os tornozelos.
É forte, tento permanecer bem
bebendo o resultado dessa ebulição.
Ela à deriva, eu.
Escondida, lobo e inquietação
fingis então que desapareci
por detrás das árvores
vejo a nossa brincadeira
por beijo.
Canto dormindo, converso palavras, flor do outono!
ressecada e prometida viva,
desabrocha dálias seus leques, sandálias, sacolas
feridas,os perfumes secretos e intragáveis
os meus desejos! que desejo
desejo passo.... desejo...
Ao céu, os pressentimentos
da chuva, cai das nuvens lágrimas cinzentas!
Tudo embaça os vidros, tudo o vento quente...
O Sopro, sopro, sopro, sopro...
Estou saindo então, ou indo cansada,
pelo caminho sem certezas ,pediram-me para confiar.
O que foi? Tu falaste em tristeza de repente...
O teu consolo, teu colo vazio sem rastros,
a dor inflama confusa e tola.
Pára. Pouco a pouco, com cuidado
a paz caminha, e não espera.
Paola Mallmann