Não tinha ideia do que de nós seria
No início,
bem lá no início,
nem o nós existia.
Quem veria num pequeno beijo apressado,
nós por um longo tempo, lado a lado.
Se, mesmo que por um momento, alguém pensou “isso não é amor”,
pode ter se enganado.
Tanto posso dizer que é,
quanto posso estar apaixonada.
Só que um dia dei por conta que, enquanto estive contigo, foi possível por meu mundo em evidência.
Pude conhecê-lo,
perceber suas falhas e,
a partir delas, começar meus próprios projetos.
Minha estrutura, a qual considerei perfeita e inabalável, entrou em crise.
Suas combinações já não se combinavam.
Fui resistindo,
você forçando.
Criou em mim cálculos,
Compreendi uma razão…
Compreender equações nas relações e por elas responder é amar?
Pode ser, não sei…
Parece-me algo que deve ser sempre discutível,
Nestes casos, o consenso pode ser perigoso,
presunçoso.
Em certas alturas, cheguei a sentir transcendências,
muitas vezes, descobri que foram falsas.
Quis-te todo para mim,
e, já pensei em não te querer.
Pensei “e agora?”,
e, já nem isso fiz.
Tentei certa vez te tornar imutável,
Determinar teus traços,
E colori-los de acordo com o meu gosto.
Que desgosto!
Quem de fato tu eras?
Já te achei tantas coisas,
hoje, acho que vou te achar outras tantas…
Já nos propomos milhares de coisinhas,
que algumas nem sequer chegamos perto.
E, também, já nem quero chegar…
Se um dia te feri, pode ter sido por isso.
Mas já fizemos tanto juntos… que agora aqui estou.
E se esse tanto for segundos…?
Às vezes, gostaria de predizer horas e horas…
Mas, predizer pode ser perigoso…
Ou, posso estar eu apaixonada…
De ti já senti vergonha, de tão próximos que nos condicionamos… sem nos conhecermos.
Não que agora nos conhecêssemos, mas já não estamos condicionados às mesmas perspectivas…
E, se lembra que naquelas perspectivas já nos quiseram acomodar?
Do que serviria o contrato?
O consenso prolongado… um dia pode ser fatal!
Quando menos se espera ele pode estar impregnado.
Escondido, camuflado…
O que fazer se isso acontecer?
Não sei… não sei nem se vou perceber!
Aline Pauli Mallmann